terça-feira, 24 de abril de 2012

Cães que vivem no cemitério de Cubatão (SP) permanecerão no local, segundo decisão da Prefeitura

Vítimas do abandono - 24 de abril de 2012 às 15:20

Por Suzana Fonseca

Cães são considerados comunitários por viverem há anos no cemitério (Foto: Reprodução)

Os 16 cães que vivem no Cemitério de Cubatão (SP) vão continuar onde estão. A decisão foi tomada ontem (23), durante reunião entre a Promotoria Ambiental e representantes da Prefeitura. Os animais foram declarados cães comunitários, conforme permite a Lei Estadual 12.916, de 2008.
Com a medida, eles agora estão sob responsabilidade do veterinário cubatense Anderson de Lana Andrade, que representou, no encontro, os militantes de defesa da vida animal. Agora, os cachorros permanecerão no cemitério recebendo a devida assistência até que seja definido um outro local adequado para recebê-los.
“Vou contar com o auxílio de nossos protetores e nos próximos dias irei avaliar o estado de saúde desses animais”, adianta o veterinário. A reunião foi marcada depois que protetores da vida animal se uniram para protestar contra a decisão do secretário municipal de Gestão, Haroldo de Oliveira Souza Filho. Ele proibiu a permanência dos 16 cães (a informação inicial era a de que 12 animais viviam lá) no cemitério, onde são alimentados pelos funcionários.
Segundo o secretário, a medida foi tomada após a Ouvidoria do Município receber três reclamações de ataques a familiares de pessoas sepultadas no lugar. “Pode parecer uma medida drástica, mas ela era necessária”, afirma o secretário.
A atitude mobilizou entidades de defensores dos animais, como a Associação de Defesa da Vida Animal de Cubatão, que começou a cobrar uma providência do Poder Público. “Não pode simplesmente expulsar os animais de um local onde eles vivem há mais de dez anos e deixá-los na rua sem alimentação ou qualquer outro cuidado”, protesta Vergínia Helena da Silva Ramos.
Ao tomar conhecimento da situação, o promotor de Meio Ambiente, Eduardo Gonçalves de Salles, entrou em contato com o secretário de Gestão para tentar firmar um acordo e resolver o impasse. Um termo de compromisso foi firmado e o problema foi parcialmente resolvido.
Por enquanto, não há previsão de quando os animais deixarão o cemitério, tendo em vista que o Centro de Zoonoses da Cidade está com a capacidade esgotada. Construído para abrigar até 100 cães, o centro possui hoje 201 animais, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

Abandono
O problema dos 16 cães do Cemitério Municipal é apenas pontual. A Cidade possui um desafio muito maior, que é o de encontrar a solução para as centenas de animais domésticos abandonados pelas famílias que estão deixando as encostas da Serra do Mar e indo nos conjuntos habitacionais do Programa Serra do Mar, do Governo do Estado.
Pelos cálculos da Secretaria Municipal de Saúde, algo entre 800 e 1.000 animais domésticos estão nas ruas da Cidade ou passarão a viver no entorno dos núcleos habitacionais que foram e serão extintos nos próximos meses nas áreas de risco de Cubatão.
Um inquérito civil foi instaurado pelo Ministério Público Estadual (MPE) para acompanhar o caso. Segundo o promotor de Meio Ambiente, Eduardo Gonçalves de Salles, trata-se de uma questão urgente que deve ser solucionada o mais rápido possível pelo Estado e o Município.
O promotor explica que a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), responsável pela execução dos novos conjuntos habitacionais na região dos Bolsões e do Jardim Casqueiro, já se comprometeu em construir um centro de zoonoses para abrigar esses animais abandonados.
Contudo, cabe ao Município disponibilizar essa área. Além disso, ainda não se chegou a um acordo sobre quem ficará responsável pelo novo Centro.
Nesta segunda-feira, o secretário municipal de Gestão, Haroldo de Oliveira Souza Filho, informou que, em até 90 dias, a Prefeitura de Cubatão vai apontar a área onde o abrigo de animais poderá ser construído. “É um problema que precisamos resolver o mais rápido possível. Até porque o grosso das remoções acontecerá agora”, disse o titular da pasta.

Fonte: Jornal A Tribuna

Nenhum comentário:

Postar um comentário