quinta-feira, 7 de junho de 2012

Desprezado por zoos, leão Juba vive saga à espera de transporte para SP

Sofrimento em cativeiro - 07 de junho de 2012 às 12:00

Foto: Divulgação/Mata Ciliar

Rejeitado por zoológicos devido às marcas deixadas pelos maus-tratos que sofreu quando viveu em dois locais, o leão Juba, 18, enfrenta uma saga para ganhar uma vida digna em um novo lar. Recebendo os cuidados há mais de três anos no Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres) do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) em Fortaleza, desde que foi apreendido em um zoológico particular na capital cearense, Juba necessita de um local adequado para viver.
A trajetória de incertezas e sofrimento do leão parece não ter fim. Há três meses o animal espera uma viagem de avião do Ceará para São Paulo –uma viagem de cerca de 3.000 km–, onde deverá viver num santuário ecológico em Jundiaí (a 58 km da capital paulista).
Segundo o Ibama-CE, após superar a falta de um local para viver, o leão sofre agora com a espera por um avião para viajar. Dois pregões foram abertos para contratar uma empresa para transportar o leão, mas nenhuma companhia se interessou em participar.
Em busca de uma empresa que abraçasse a causa, o Ibama e a Associação Mata Ciliar conseguiram sensibilizar a TAM Cargo, mas com tudo pronta para o voo, o setor de cargas avisou que a caixa de Juba não caberia no bagageiro de nenhuma das aeronaves que fazem voo regular do Ceará para São Paulo. O transporte custaria R$ 15 mil.
“Já estava tudo certo, e até os veterinários estavam com as passagens compradas para acompanhar o transporte do animal, mas o setor de carga da companhia avisou que a caixa era grande demais e não caberia no bagageiro do avião”, contou o analista ambiental do Cetas do Ibama-CE, Alberto Klefasv, explicando que Juba está totalmente adaptado à caixa que deverá ficar preso durante a viagem e está em um bom estado de saúde, apesar da idade.
Sem caber no avião, o Ibama tentou outra alternativa. “Procuramos uma alternativa com a FAB (Força Aérea Brasileira), mas o valor cobrado para o transporte ficou inviável. Disseram-nos, por meio de ofício, que seria um voo exclusivo e custaria R$ 250 mil”, afirmou.
Segundo a voluntária da Mata Ciliar Célia Frattini, o impasse para o transporte de Juba esbarrou na burocracia. A única companhia aérea que faz transporte de cargas, e que tem uma aeronave que caberia a caixa do leão, a ABSA, não trabalha com o sistema de empenho e não possui toda a documentação exigida pelo governo federal para que o Ibama pague o transporte.
“Não temos outra alternativa a não ser arcar com o custeio do transporte de Juba, que será feito pela ABSA. Hoje conseguimos baixar o custo para R$ 13.260, mas não temos esse valor. A diretoria da TAM nos prometeu que iria doar uma parte desse valor para ajudar no custeio, mas ainda não definiu quanto seria”, afirmou Frattini.
Agora, a ONG Mata Ciliar abriu uma nova campanha para arrecadar R$ 5.000, que seria o valor restante para o custeio do transporte de Juba para São Paulo, além das passagens dos dois veterinários que vão acompanhar o animal em todo o trajeto aéreo.
“Estamos contando que a TAM vai doar o valor que iria cobrar do transporte de Juba, que foi de R$ 8.000. Como sobrou R$ 2.400 da campanha para a construção do recinto, esse valor vai também ajudar a completar o custeio do transporte de Juba, mas também tem as passagens dos dois veterinários, além das despesas de alimentação e hospedagem”, explicou Frattini, destacando que todas as doações estão postadas na página do Facebook aberta para a campanha com as devidas prestações de conta.

Foto: Divulgação/Mata Ciliar

Caixa

A caixa que Juba será transportado foi confeccionada com material reciclado pela empresa Tetra Pak. A caixa é arejada e tem isolamento acústico para que o felino não se assuste ou sofra qualquer tipo de estresse durante o transporte. A caixa de Juba tem 2,20 metros de comprimento e 1,30 metro de altura, suficientes para o animal se locomover durante cerca de quatro horas de viagem de avião.
Devido a idade e aos maus-tratos sofridos, os veterinários do Ibama analisaram que Juba não resistiria a uma viagem terrestre e só poderia ser transportado por avião. “A caixa em que ele será transportado já está aqui há cerca de quatro meses, e depois de um processo de adaptação, Juba já se alimenta dentro da caixa. Fizemos esse trabalho de adaptação para que o leão não note que está fora do meio em que vive há três anos e tenha de tomar sedativos durante o transporte. Acreditamos que ele não vai notar que está em um bagageiro de um avião porque a caixa já faz parte da rotina do habitat atual dele”, explicou o analista ambiental.

Vida de sofrimento

O leão Juba tem uma vida de sofrimento desde que nasceu. O animal foi apreendido por duas vezes em dois zoológicos devido a maus-tratos que sofreu. Há três anos, Juba vive junto com a leoa Yasmim, 10, no Cetas do Ibama, quando foi resgatado de um zoológico particular do Estado após a constatação de maus-tratos.
O local foi interditado, e os animais apreendidos na época conseguiram novos lares –menos o leão e as duas leoas Yasmim e Tchutchuca, 5, que teve mais sorte que os outros dois felinos e em março deste ano seguiu para o zoológico de Teresina. Yasmim deverá seguir para um zoológico em São Paulo, mas sem data definida, também devido a problemas relativos ao transporte.
De acordo com a Associação Mata Ciliar, quando Juba era mais jovem, aos 7 anos, morava em um zoológico particular que tinha situação irregular no Rio de Janeiro. O local foi desativado pelo Ibama em 2001 e Juba foi transferido para outro zoológico. Ele seguiu para em Fortaleza, e novamente sofreu maus-tratos. Em 2008, o local foi fechado devido às irregularidades e Juba e mais duas leoas ficaram no Cetas à espera de adoção.
Sensibilizada com o sofrimento de Juba, a ONG Mata Ciliar se comprometeu a adotar o animal e fez uma campanha para arrecadar dinheiro para custear a construção de um recinto apropriado para abrigar o leão em definitivo. A construção custou R$ 30 mil e todo o valor foi obtido com arrecadação de campanha.

Fonte: Uol

Cão que estava sendo comido por insetos apresenta melhoras e ganha novo lar no PR

Batizado de Frank - 07 de junho de 2012 às 19:00

Batizado de Frank, o cão estava à beira da morte em um terreno baldio e foi resgatado pela Sociedade Protetora dos Animais de Apucarana.
A Sociedade Protetora dos Animais de Apucarana (PR) é uma entidade que sobrevive pelo empenho de alguns voluntários. A Soprap não tem vínculo com o governo, e todas as ações são realizadas em prol da vida dos animais.
Na semana passada, voluntários da ONG resgataram no bairro Djalma Mendes este cachorro. O nome dele é Frank. O cão estava vivendo abandonado em um terreno baldio, e já estava sem comida e sem água há mais de duas semanas.
Jaqueline trabalha como agente de viagens durante o dia e à noite estuda comércio exterior. Nos intervalos da sua rotina, ela participa das ações da ONG. Ao ficar sabendo da história de Frank, ela se sensibilizou e acabou levando o cão para a sua casa.
A Soprap vive de doações. Quem quiser ajudar a ONG ou adotar um animal, basta procurar pela página da entidade na internet, que é apucarana-soprap.com ou pelo telefone (43) 9670-4848.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=jlHLRTcM98k


Fonte: TN Online

Animais serão explorados para “adivinhar resultados” da Eurocopa 2012


Estupidez humana - 07 de junho de 2012 às 16:30

Por Robson Fernando de Souza (da Redação - ANDA)

Elefanta Citta, presa em zoológico de Cracóvia, na Polônia. Sequestrada de seu habitat e com vida marcada por exploração em circos e zoológicos, terá que "prever" resultados de jogos da Eurocopa 2012.
 (Foto: Bartosz Siedlik/AFP)

Dois anos depois da exploração do polvo Paul para adivinhar os resultados da Copa do Mundo, uma mania vem se alastrando pela Europa. É a exploração de animais prisioneiros de zoológicos e aquários em diversos países com o mesmo propósito, dessa vez para a Eurocopa 2012.
Em Portugal, o polvo chamado Paulo, preso no Sea Life Porto, “previu” que a seleção portuguesa perderá para a Alemanha no jogo na cidade ucraniana de Lviv.
Na Polônia, um dos países-sede da Eurocopa, a elefanta Citta, prisioneira do zoológico de Cracóvia, “previu” que a Polônia vai ganhar da Grécia no jogo de abertura do campeonato, através da escolha de uma maçã correspondente àquele país dentre três (as outras duas eram o empate e a vitória grega). Citta já teria adivinhado o resultado da Liga dos Campeões, inclusive a vitória do Chelsea sobre o Bayern Munich.
Citta vivia em liberdade na Índia até seu segundo ano de idade, quando foi sequestrada por caçadores de um circo alemão. Ela foi explorada e torturada por nada menos que vinte anos nesse circo, e depois foi transferida entre zoológicos, na Áustria, Espanha e Polônia. Ela tem hoje 33 anos e está presa no zoológico de Cracóvia desde 2006.
A Ucrânia, por sua vez, irá explorar um furão, de nome Fred, aprisionado em Kharkiv, no leste do país. Ele será transportado ao estádio de cada cidade-sede, onde “adivinhará” o resultado de cada jogo que acontecer nesses locais. Irão lhe oferecer dois pedaços de carne fresca, cada um com a bandeira das seleções que irão jogar.
No mesmo país, o porco Fred, que dizem ser “um verdadeiro conhecedor dos mistérios do futebol e um profeta”, será obrigado a “adivinhar” o resultado às 17 horas locais de cada jogo da Eurocopa.

Vaca Yvonne. Já tentou fugir de fazenda no ano passado, e agora também terá que
 "prever" resultados de jogos. (Foto: AFP)

Na Alemanha, a vaca Yvonne, que no ano passado havia tentado fugir do cercado onde vivia, na Baviera, sul do país, será explorada para “prever” os resultados dos jogos da seleção nacional. Será obrigada a andar a uma de duas manjedouras, uma com a bandeira alemã e outra com a bandeira da seleção adversária de cada jogo.
A exploração animal de fato conta com uma grande criatividade por parte dos exploradores. Periodicamente aparece uma forma nova de obrigar animais a satisfazer interesses totalmente humanos, muitos deles totalmente desnecessários. Os animais em questão estarão “adivinhando” aleatoriamente resultados de jogos quando poderiam, ao invés, estar desfrutando de liberdade entre seus pares de espécie.

Com informações do Blog Os Bichos/Jornal de Notícias

"Pateta"

Pateta - Quinta-feira, 7 de Junho de 2012 

Por:  PERCE POLEGATTO


Aconteceu-me encontrá-lo junto ao rio. Três garotos carregavam um saco que se mexia. Perguntei, e um deles afrouxou a abertura para que eu visse parte do dorso de um animal imundo e quase sem pelos. Iam jogá-lo no rio. Segurei o maior deles pelo braço: eu ficaria com o bicho. Estranharam-me, e outro explicou que era apenas um cachorro velho e sarnento. Insisti, não tinha importância. Mas eles vinham preparados para a execução, o saco vivo despencando da ponte, o maior deles contrariando-me categoricamente até que eu também resistisse e fosse derrubado ao chão para que saísse de seu caminho e deixasse de importuná-los. Atraquei-me com todos, um deles prendeu-me com força, dobrando meus braços para trás. Então vimos que surgia, pela trilha da margem, um homem empoeirado e ruinoso, com um galho seco à mão, que era seu simulacro de arma ou cetro.

“Moleques!”, bradava. “Vou acabar com vocês!”

Cesão Louco perambulava pela cidade, dormia à porta dos botecos e das igrejas, não mais que um inofensivo vagabundo, mas que aterrorizava as crianças com seu aspecto repugnante. Os meninos dispersaram:

“O Cesão Louco! Vambora, gente!”

“Moleques!”, ele ameaçava, avançando com o galho em riste.

Na confusão, apossei-me do saco, corri em outra direção. Contente, mais do que assustado, tive vontade de agradecer ao louco, mas ele já se voltava contra mim:

“Moleque! Vou acabar com você!”

Tive de fugir também.

Meu avô trouxera um remédio para a sarna. Ajudava-me a dar banhos em Pateta e a fazê-lo comer, além de haver sugerido seu nome. Pateta era magricela e passivo, incapaz de morder alguém, mesmo se provocado. Meninos da vizinhança queriam saber a raça da malograda mascote: eu inventara uma palavra que pronunciava com orgulho.

“Você é um mentiroso! Esse cachorro não tem raça nenhuma!”, o mesmo que puxou o rabicho meio pelado do Pateta antes de sair correndo.

Gritei-lhe palavrões, tomado de ódio. Pateta guinchava de dor, mas não dava mostras de agredir, sequer defender-se do que o agredia. Eu o tomava ao colo e o levava para casa, fora do alcance dos perigos do mundo e das outras crianças.

Pateta lambia-me o rosto, mas nunca brincava ou corria. Parecia sempre triste e doente. Quando eu saía, tinha de prendê-lo para que não vadiasse pelas redondezas, para que não o encontrassem e, outra vez, não tentassem atirá-lo ao rio.

Mas não só as crianças poderiam machucá-lo. Pateta em frente de casa, dois rapazes passavam, um deles acertou-lhe um pontapé nas costelas.

“Olha só, que traste!”, riu esse que eu surpreendi em flagrante, gritando-lhe que fosse chutar a mãe.

“Ih, é o dono dele, que azar…”, disse o outro com um cínico aceno de cabeça, brincando com sua própria superioridade – eles pareciam enormes para mim, naquela idade.

Pateta deitou-se ao pé do muro, gemendo com fraqueza.

“Vai, vai com esse cachorro, moleque”, disse ainda o agressor com um gesto de desdém.

Abracei-me ao Pateta. Chorei por ele pela primeira vez. Compreendi que não havia chances para uma criatura tão inofensiva e sem forças. Se ao menos soubesse revidar, se não fosse tão passivo…

Na saída da escola, entre a correria das crianças, fiquei contente em saber que era esperado por meu avô junto ao portão principal:

“Vô, o senhor veio me buscar?”

Meu avô curvou-se com um sorriso cansado, passando-me às mãos um doce com o papel da confeitaria.

“Júlio”, disse ele pausadamente. “O Pateta morreu.”

Meus colegas também pareciam tristes. Queriam saber o que seria feito dele.

“Vamos jogar no rio, Júlio.”

”Não, o rio não”, disse eu enxugando os olhos com as mangas.

Pateta ganhou assim seu lugar no mundo: uma cova rasa, aberta com uma colher enferrujada, à sombra de uma árvore sem nome. A relva cresceu com a chuva, por pouco não encobrindo por completo a ripa que eu fincara na terra e na qual havia inscrito, com a caneta porosa que usava para desenhar: PATETA. DESCANSE EM PAZ. Pensava, ao rever a lápide improvisada, como se lhe dissesse com carinho: “Acabou, Pateta. Acabou.” A palavra paztinha a letra tremida e a inicial desproporcionalmente grande. Pateta descansava enfim, longe de tudo o que podia lhe fazer mal, longe das crianças e dos adultos. Eu visitava a sepultura de relva, por vezes debruçava-me ali contra o dia claro, de nuvens travessas e dispersas. Por vezes soluçava. “Acabou, Pateta. Acabou.” E nunca nada eu compreendia.

.

Bruno percebeu que ele se detinha ali há algum tempo.

“O que tem lá embaixo?”

“Nada.”

Júlio virou-se em busca de uma camisa. Ninguém nunca nada compreendia. Bruno se movia entre o quarto e o banheiro sem saber dos séculos. Sem as catedrais, os círculos de pombos, as inscrições nas sepulturas. Perguntou-lhe as horas. Lá fora, começava a chover.


Os últimos dias de agosto

Imagem: Vincent van Gogh. Pomar com abricoteiros em flor. 1888