quarta-feira, 18 de abril de 2012

Ex-funcionário de resgate da fauna relata crimes ambientais em lago de Usina em RO

Milhares de animais morreram afogados - 18 de abril de 2012 às 16:20

Bicho preguiça fotografado e retirado do enchimento do lago da Usina Santo Antônio no Rio Madeira em Rondônia (Foto: Reprodução)

O suposto crime ambiental provocado com o enchimento do reservatório da Usina Santo Antônio no Rio Madeira em Rondônia, quando milhares de animais silvestres morreram afogadoschocou a opinião pública. O Consórcio Construtor, liderado pela Construtora Norberto Odebrecht, diz que não foram aos milhares mortos e sim, “apenas” cerca de 500 exemplares da fauna amazônica que pereceram.
O denunciante que trabalhava no resgate em áreas alagadas, conversou com o Rondoniaovivo, e relatou diversas irregularidades na questão ambiental da Santo Antônio Energia. Primeiro, foi detectado que o socorro demorou a chegar. Segundo o ex-funcionário, principalmente nas ilhas do Rio Madeira, como a Ilha do Búfalo, o extermínio foi em massa, com a morte de Bichos Preguiça, sapos,Tatus, Pacas, Cotias e outros animais silvestres. E ali mesmo apodreceram. O fedor de carniça ia longe segundo o ex-trabalhador da empresa contratada, que também afirma que para “abafar” o caso, foi suspenso o trabalho de resgate.
O Procurador da República Heitor Soares do Ministério Público Federal já solicitou as imagens e deve iniciar um procedimento investigatório. O IBAMA ainda não se pronunciou. O denunciante disse que os zelosos fiscais do IBAMA sobrevoaram de helicóptero a região atingida, mas não entraram de barco embaixo do tapete verde da selva pata atestar a qualidade do trabalho de resgate, onde abaixo das copas de centenárias árvores, milhares de animais morriam afogados.
Peixes mortos

Outro crime ambiental foi em relação aos peixes. Segundo denúncia, no período de enchimento do lago, no Rio Jatuarana e outros igarapés próximos que deságuam no Rio Madeira, milhares de peixes morreram. Funcionários que faziam o resgate da fauna foram remanejados para “juntar” os peixes mortos. Foi um trabalho de urgência, que utilizou funcionários da YKS e Ornellas para “enganar o IBAMA”, que tinha um sobrevoo marcado na região.
Outro lado

A empresa em nota emitiu a seguinte declaração:

“O Programa de Resgate de Fauna da Santo Antônio Energia, previsto no Projeto Básico Ambiental da concessionária, antecedeu todas as etapas de construção da UHE Santo Antônio e a formação do reservatório.
Durante as fases de enchimento do reservatório (de 16 de setembro de 2011 a 23 de janeiro deste ano) e do rescaldo (trabalho de resgate mais detalhado, que durou até 3 de março, pós- período de enchimento do reservatório,) foram encontrados pelas equipes de resgate 25.517 animais na região de influência da Usina Hidrelétrica Santo Antônio.
Deste total de animais resgatados, 24.952 indivíduos (que correspondem a 97,7%) foram devolvidos saudáveis ao meio ambiente, 0,17% foram encaminhados para extração de veneno, 0,2% continuam em tratamento médico veterinário e 1,8% vieram a óbito. Alguns animais mortos foram encaminhados para universidades para serem utilizados como material de ensino e pesquisa, outros foram recolhidos e levados para local apropriado.
Participaram das operações de resgate e rescaldo mais de 100 profissionais entre veterinários, biólogos, tratadores, auxiliares e equipe de apoio. A estrutura para os trabalhos envolveu 32 barcos e dois pontos de apoio com ambulatório para atendimento médico veterinário, mini-centro de estudos e viveiros. Os profissionais contaram também com a estrutura do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), o maior do país, construído pela Santo Antônio Energia no campus da Unir.
Em nenhum momento as ações do Programa de Resgate de Fauna da empresa foram suspensas. No dia 3 de março as ações foram concluídas com 97,7% de sucesso na reintrodução de animais ao meio ambiente. A partir dessa data a Santo Antônio Energia iniciou com equipe própria o monitoramento e eventual resgate na área do reservatório. Todas as atividades foram e continuam sendo acompanhadas pelo Ibama por meio de relatórios periódicos e visitas de auditoria em campo”.

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